terça-feira, janeiro 10, 2006

Falhei


Caminhei seguro em rochas graníticas que deixavam, entre elas, brotar flores. Flores que libertavam um divino aroma. Talvez por isso foi difícil conter-me. Dancei, rodopiei, saltei... até que, não vendo a margem do rio possante e caudaloso, caí. Sempre soube que o rio la existira e que teria de ser cuidadoso para nele não cair. Mesmo assim, caí, desamparado e sem protecção. Desmaiei. Quando acordei paraa realidade, olhei à minha volta e estava numa praia deserta, cercada por dunas imponentes. As minhas roupas estavam estragadas e eu tinha cortes por todos os lados. No cimo da duna, encontrava-se, discretamente, uma menina, de olhos de avelâ e cabelos pretos, que ignorava tudo e apenas se concentrava no Sol que estava a partir para lá do Horizonte. Tentei sorrir e, a fraquejar, subi a duna. Quando lá cheguei, reparei que seus cabelos tinham algas entrelaçadas, e suas roupas estavam sujas e rasgadas também. As apresentações tardaram. Perguntei-lhe que fazia ela ali. Explicou tudo. E, então, entendi que éramos vítimas do mesmo veneno. Puz-lhe o braço na cintura e disse apenas: -Falhámos os dois. Mas um novo futurp está para vir. Um dia, o Sol nascerá para nós dois. E, quem sabe, talvez caminhemos juntos em direcção à unica coisa que nós sempre procurámos: o Amor. Assim ficámos, a ver o Sol desaparecer por detrás daquele manto de água. E ali nos mantivemos atéap dia em que o Sol nasceu e nós conseguimos sorrir.