terça-feira, novembro 15, 2005

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Olho o espelho e não me reconheço. Olho de várias perspectivas e noto: Mudei...!

Sorrio pelos poucos aspectos positivos e desiludo-me com acções que eu nunca notei ter tido: fui parvo, disse o que não devia, tornei-me arrogante e reprovador.

Agora procuro-me nas ruas desertas desta cidade nostálgica. Esgravato e desarrumo o Passado para definir o Futuro.

Grito:

-Identidade! Aparece! Por favor...! Preciso de ti! Desculpa ter-te ignorado durante anos...! O Futuro está à tua espera para começar!

Nenhum som é emitido. Ninguém diz nada. Aconchego a cabeça entre os meus braços e espero-a, impancientemente, chorando, sem cessar, pela Solidão e pela indefenição do Futuro.

-Por favor...! Aparece!-suplico eu quase a gemer.

É então que desce do céu um anjo gótico com asas a condizer que com a voz suave de um malmequer me esclarece:

-Procuras uma identidade sem notar que a tens. Tolo...! O teu Futuro só pode ser definido por ti! Mudaste, como é claro! À medida que o tempo passa as pessoas evoluem ou involuem! Ninguém pode evitar! Não te rebaixes tanto... Vai! Despacha-te que o tempo não espera por ti! E não te esqueças de viver calorosamente.

Num ápice o anjo desaparece. Fujo pelas ruas labirínticas para chegar a casa e começar a aproveitar a vida.

sábado, novembro 12, 2005

Eu


Gosto de sentir a chuva a cair sensualmente na face, de enfiar a mão num cesto de uvas ou de feijoes e sentir a liberdade. Saltar dentro de fontes, correr pela praia e pelo mar e sentir as pedras a rasparem-me os pés. A Nortada refrescante faz-me sentir condor que voa sobre terras proibídas. A singularidade e a simplicidade de um beijo e de um sentimento faz-me ebulir a liberdade que se prende algures num canto do meu coração. Os coros litúrgicos realizam-me e fazem-me sentir carvalho desnudado que oscila com as brisas originadas pelos suspiros do Nunca. Notícias de outras vidas a ruirem não me deixam só. Sorrio com o pesadelo e estranho os sonhos. Mato por amizade e sofro por amor. Gosto de tudo o que é único e não de tudo o que é caro. Não dispenso um copo de água fresca e não me importava de morrer a comer sopa. Podem-me chamar esqisito, diferente ou mesmo anormal. Eu não me importo. Tudo isto sao qualidades. É bom ser unico!




PS: est foi o texto mais esqisito q eu ja alg1a vz fiz... mas ate esta bem...

segunda-feira, novembro 07, 2005

Vagabundo


Muitas vezes sento-me na beira da rua e fico a observar as pessoas. Vejo toda a gente a sorrir, e a viver sem preocupaçoes aparentes. As pessoas olham para mim com desdem ou com uma pontinha de repugnancia pelo meu real mau-estar em relaçao a Vida. Olho-as profundamente e sem problemas fito-as com o mesmo desdém. Olhares meus que frios e penetrantes nao deixam ninguém indifrente. Questiono-me: 'Repugnância porquê? Somos todos iguais nao somos?'. A escureza da minha indumentária e dos meus pensamentos confunde. E comentam: 'Coitado! Tem problemas com a Família... tem mesmo ar de drogado!'

Momentaniamente param de olhar e comentam para o lado o que acabaram de ver. Sentem pena por ser um perdido, um acabado e um coitado. Sentem pena por olhar para as pessoas com cara de doente terminal e por ter o aspecto deleixado e triste de um vagabundo.

*Uma aventura na rua vivida por eu...*

*Save me from the nothing I've become*